Segundo denúncia, registros de presença também foram tirados do sistema; universidade não se pronunciou sobre o assunto.
A USP (Universidade de São Paulo) deve reprovar estudantes que não tomaram vacina contra a Covid-19 ou não apresentaram o comprovante de vacinação. A informação foi divulgada pelo R7, que recebeu uma denúncia de que as notas e os registros de presença daqueles que estão em uma dessas situações foram apagados do sistema.
Durante uma reunião de congregação da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), uma professora alertou os colegas: “Ficamos sabendo, na última reunião do conselho de graduação, que houve uma decisão, que não foi deliberada, não foi discutida nem debatida com a comunidade, e parece que não veio da Comissão Assessora de Saúde, de que 936 estudantes da universidade, que não apresentaram comprovante de vacinação no Sistema Júpiter, terão suas notas e frequência invalidadas”.
A reunião foi gravada e está disponível no canal da FFLCH no YouTube. Segundo docentes ouvidos pelo R7, os estudantes foram avisados de que precisavam anexar os comprovantes no sistema da universidade. No entanto, muitos não conseguiram realizar a operação. O problema ainda é maior no caso dos ingressantes que, sem nota nem presença, podem ser jubilados (ter a matrícula cancelada e perder a vaga no curso).
Ainda der acordo com a denúncia, antes da decisão de retirar as notas do sistema já havia uma orientação de marcar, na lista de presença, o nome dos estudantes que não tinham apresentado o comprovante de vacina. Na sequência, veio outra orientação, enviada por meio de um comunicado interno, para os professores não lançarem (no sistema) as notas desses estudantes. Por fim, a ordem, agora, é apagar o registro de notas e presenças.
Os professores foram ouvidos pelo R7 na condição de anonimato. A reportagem entrou em contato com a USP, que, até o fechamento do texto, não se pronunciou sobre o assunto.
Entenda
Para garantir um retorno seguro da comunidade aos campi, a USP criou a Comissão Assessora de Saúde da Reitoria:
“Considerando-se que a portaria GR 7.687, de 23/12/21, em seu artigo 5º, prevê a obrigatoriedade de comprovação de eventuais doses de reforço em todas as atividades desenvolvidas nos campi da Universidade, e que o calendário vacinal já avançou de modo a permitir que seja ofertada a toda a população adulta, o atendimento dessa exigência deverá ser comprovado mediante inserção da informação nos sistemas corporativos da Universidade. Os alunos de graduação e de pós-graduação deverão inserir tal informação nos sistemas Júpiter e Janus até o fim do primeiro semestre letivo de 2022”.
Na retomada das atividades presenciais, após dois anos de ensino remoto, a reitoria da universidade exigiu de estudantes, professores e funcionários a apresentação do comprovante de vacinação.
Quem não tomou as doses da vacina precisaria encaminhar uma justificativa aceitável para a comissão de saúde. Segundo orientação da reitoria, se o estudante ou funcionário não aceitasse tomar a vacina, caberia à diretoria de cada unidade decidir se ele poderia ou não circular pelo campus.