Variante Delta tem maior carga viral e oferece mais risco de morte, diz estudo

A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), por meio do Laboratório Universitário de Análises Clínicas (Luac), iniciou na manhã desta quarta-feira (12) as testagens da Covid-19 com o método RT-PCR. O início dos testes acontece após a autorização da Vigilância Sanitária e do Laboratório Central do Estado do Paraná (Lacen). Ponta Grossa, 12/05/2021 - Foto: Jéssica Natal/UEPG
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Trabalho da Universidade de Toronto mostra que risco de hospitalização e de morte é maior em uma infecção pela Delta do que pelas variantes Alfa, Gama e Beta.

Um estudo realizado por cientistas canadenses afirma que as variantes de preocupação do SARS-CoV-2, especialmente a variante Delta, são mais virulentas do que a cepa nativa do vírus, aumentando o risco de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e morte devido à Covid-19.

A Delta, em especial, traz um risco bem maior de hospitalização e morte do que as demais variantes de preocupação. A pesquisa foi publicada no Canadian Medical Association Journal. As variantes de preocupação, que são exemplos de mutações do vírus original, recebem este nome porque são consideradas mais transmissíveis do que as demais.

O estudo analisou 212.326 casos de Covid-19 notificados entre 7 de fevereiro e 26 de junho de 2021, em Ontário, a maior província do Canadá, que possui uma população de quase 14,8 milhões de pessoas.

As variantes de preocupação analisadas incluem aquelas com a mutação N501Y, como Alfa, Beta e Gama, bem como a Delta, que substituíram a cepa original do SARS-CoV-2 em predominância.

Do total de casos, 22,4% eram não-variantes de preocupação (VOCs), 76,7% eram infecções com mutações N501Y e 2,8% eram de ​​Delta. A variante Delta se tornou a cepa dominante em Ontário em julho de 2021.

“O surgimento de novas variantes de preocupação do SARS-CoV-2 retardou o progresso contra a pandemia de três maneiras distintas,  aumentando a transmissibilidade e o índice de reprodução do vírus, aumentando o escape imunológico e diminuindo a eficácia da vacina, e aumentando a virulência do SARS-CoV-2 “, escreveram os coautores David Fisman e Ashley Tuite, da Escola de Saúde Pública Dalla Lana, da Universidade de Toronto, no Canadá.

Ainda segundo o estudo, pessoas infectadas com variantes de preocupação eram significativamente mais jovens e menos propensas a ter comorbidades do que aquelas com infecções por variantes que não são de preocupação.

Os pesquisadores identificaram que as infecções pelas variantes de preocupação foram mais comuns em áreas mais povoadas, como a Grande Toronto e na região de Hamilton, a maior área metropolitana de Ontário. Casos da variante Delta foram significativamente menos comuns em Ottawa, a segunda maior área metropolitana de Ontário.

Nas infecções pelas variantes Alfa, Beta e Gama, os riscos de hospitalização foram 52% maiores, a admissão em UTI foi 89% maior e os casos de morte foram 51% maiores do que nos casos de variantes de não-preocupação.

Já nas infecções pela Delta, o risco foi 108% maior de internação, 235% maior de precisar de UTI e 133% mais elevado de causar morte, aponta a pesquisa.

Mesmo após o ajuste de idade, sexo, comorbidades e outros fatores, o risco aumentado de resultados adversos com a variante Delta persistiu.

Vacinação atenua gravidade

Os pesquisadores também analisaram o efeito da vacinação, que atenuou a gravidade das variantes de preocupação, reduzindo o risco de doenças graves e morte em pessoas parcial e totalmente vacinadas.

“Os efeitos relatados aqui representam um grau substancial de proteção contra a morte conferida pelas vacinas (cerca de 80% a 90%), mesmo quando não conseguem prevenir a infecção. Esses efeitos de proteção direta podem ajudar a reduzir os impactos na saúde da transmissão do SARS-CoV-2 em andamento em Ontário, mesmo que a imunidade do rebanho se mostre ilusória, dado o alto número de reprodução das VOCs”, escreveram os autores.

Os resultados da pesquisa somam-se a estudos da Inglaterra, Escócia e Cingapura, indicando que a variante Delta aumenta o risco de uso de serviços de emergência, internação e desfechos graves.

“A crescente virulência das variantes de preocupação do SARS-CoV-2 levará a uma pandemia consideravelmente maior e mais mortal do que teria ocorrido na ausência do surgimento de VOCs”, escrevem os autores.

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