Arquitetos elencam dicas para utilizar o cimento cru em projetos modernos e industriais.
Aquela parede ainda ‘crua’ em cimento, muito vista na etapa da construção civil, agora vem ganhando visibilidade nos projetos arquitetônicos. É associada aos estilos mais modernos, contemporâneos, rústicos e industriais pelo charme e magnetismo que dão ao local.
Os arquitetos Priscila e Bernardo Tressino, do escritório PB Arquitetura, explicam que os materiais são produzidos com uma mistura de outras matérias-primas e modelados em uma variedade de cores, formatos e relevos. “Podem ser moldados no local da construção ou em placas 3D que utilizamos muito para arquitetura de interiores. Tratam-se de elementos muito versáteis que, além dos ambientes internos, também podem compor áreas externas, como fachadas e jardins”, comenta Bernardo.
Novas tecnologias possibilitaram essas inovações e atualmente é muito comum vermos peças industrializadas que simulam a estética da madeira, porcelanato, couro e, até mesmo, a cor da cerâmica tradicional, fugindo do concreto cinza.
Diferença entre os revestimentos
Segundo os arquitetos da PB, os revestimentos são placas prontas paginadas sobre pisos ou paredes e o concreto aparente, também conhecido como concreto arquitetônico, é uma estrutura crua, moldada em formas e estruturado internamente com vergalhões ou malhas de aço. Geralmente, quem opta por este tipo de construção com manipulação de concreto aparente, segue um viés de arquitetura moderna, brutalista, industrial e livre de elementos decorativos.
Já o cimento queimado é uma técnica que usa argamassa preparada com cimento, areia e água que, por sua vez, é aplicado com desempenadeira para dar nivelamento. “O material, por si, tem uma essência porosa e a superfície pode ser impermeabilizada”, relata Priscila.
Revestimento cimenticio é versátil
Para a arquiteta, a criatividade é o pontapé de muitos projetos e os revestimentos cimentícios não fogem dessa regra, uma vez que podem ser aplicados em paredes inteiras ou em detalhes parciais, tetos, pisos, colunas, lajes, fachadas, jardins e até móveis. “É daqueles elementos que consideramos um ‘coringa’ na arquitetura de interiores”, avalia.
Por se encaixar em diversas estéticas, o material pode conceder uma neutralidade como pano de fundo para outros itens, como é o caso do cimento queimado. A paleta cinza abre espaço para outras tantas opções de texturas e cores nos revestimentos, mobiliário e decoração. Quando se opta pela aparência 3D, na maioria das vezes são na cor branca com iluminação projetada para dar o efeito de luz e sombra. No oposto, tons coloridos propiciam mais vida para o espaço.
“Instalamos este tipo de revestimento em paredes extensas que normalmente não tenham nenhuma outra interferência, como portas e janelas, por exemplo. E, sem dúvidas, caprichamos no projeto de iluminação, que faz toda diferença no efeito de luz e sombra no 3D”, completa Bernardo.
Cuidados e manutenção com os revestimentos
De modo geral, os revestimentos em cimento são resistentes, duráveis e exigem pouca manutenção ao longo dos anos. Entretanto, alguns cuidados devem ser tomados, principalmente quando se trata de concreto aparente ou colorido. Os arquitetos alertam para o uso de produtos abrasivos ou ásperos que podem acabar manchando e danificando as peças em função da porosidade do material.
Sobre os cuidados em ambientes internos, o recomendado é utilizar espanador, luvas ou panos de microfibra sem tingimento e o emprego de escovas ou vassouras macias quando se faz necessário o uso de detergente neutro. Para áreas externas, pode-se utilizar lavadora de alta pressão com jato aberto em leque.
“As paredes não sujam com tanta facilidade quanto os pisos, mas no dia a dia é bom eliminar sujeira o mais rápido possível para evitar manchas. Em resumo, uma mão de obra especializada para instalação, cuidados na manutenção e uma boa impermeabilização em ambientes externos e fachadas são ideais para quem opta por esse tipo de revestimento”, finaliza Bernardo.