Secretário de Finanças e o chefe de gabinete também foram afastados. Eles são investigados por irregularidades na compra de EPIs por R$ 4 milhões.
O vice-prefeito Marco Antonio Melli Bellagamba (sem partido), conhecido como Coronel Bellagamba, assumiu a admnistração de Rio Claro (SP) nesta quinta-feira (3), após o prefeito João Teixeira Junior, o Juninho da Padaria, receber a notificação judicial do seu afastamento. A informação foi divulgada pelo G1 São Carlos e Araraquara.
O secretário municipal de Finanças, Gilmar Dietrich, e o chefe de gabinete , Silvio Aparecido Martins, também foram notificados e afastados dos cargos. Os seus substitutos deverão ser anunciados na sexta-feira (4).
Também será divulgado o novo secretário municipal de Segurança, pasta que era ocupada pelo vice-prefeito Bellagamba. O prefeito Juninho, Dietrich e Martins anunciaram que irão recorrer da decisão de afastamento.
Investigação
Juninho da Padaria (DEM) está sendo investigado por suspeita de irregularidades na compra de equipamento de proteção individual (EPIs) para os profissionais que atuam na linha de frente do combate à Covid-19, no valor de cerca de R$ 4 milhões.
Segundo a polícia, há indícios dos crimes de associação criminosa, fraude à licitação, falsidade ideológica, peculato, corrupção ativa e passiva, entre outros. A empresa contratada foi fundada em 14 de fevereiro e não tem antecedente de experiência em fornecimento de insumos para a área médica e há indícios de superfaturamento.
Na quarta-feira (2), uma operação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e da Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão na Prefeitura de Rio Claro, na casa de Juninho da Padaria e nas cidades de São Vicente e Praia Grande, no litoral paulista.
Juninho disse que irá provar sua inocência: “Está tudo nos autos, está tudo certinho, esclarecido, bonito, firme e forte e estamos trabalhando com tranquilidade”.
A prefeitura divulgou uma nota afirmando que o processo de compra dos EPIs foi realizado integralmente dentro da legalidade, conforme comprovam os documentos entregues pelo prefeito ao Ministério Público, OAB, Câmara Municipal e imprensa, em julho, e que os EPIs foram todos recebidos pelo município, passaram pela aprovação da Vigilância Sanitária e estão sendo utilizados pelos profissionais de saúde.
CPI
Uma investigação da Câmara Municipal de Rio Claro confirmou as denúncias sobre a má qualidade dos EPIs usados pelos servidores da Saúde. A CPI foi aberta em 28 de julho e o relatório final foi aprovado por unanimidade.
O documento tem quase 40 páginas e pediu que a prefeitura devolvesse imediatamente os EPIs comprados com ressarcimento monetário ou que troque por equipamentos que sigam as normas técnicas.
Foram comprados 494 mil materiais entre máscaras, aventais, óculos de proteção, macacão e toucas. A Câmara enviou o relatório ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e ao Tribunal de Contas da União (TCU) para investigar se houve algum dano por uso dos equipamentos considerados inadequados.