Volta dos alunos não depende de vacina, diz secretário estadual de Educação de SP

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Ensino remoto impediu evasão e será incorporado como ferramentar complementar, diz secretário estadual de Educação de São Paulo, Rossieli Soares.

O número de alunos presentes nas escolas da rede pública do Estado de São Paulo deve aumentar gradualmente após o fim da fase de transição do plano de combate à pandemia. Mas, mesmo com o retorno das atividades presenciais, o ensino remoto deverá ser definitivamente incorporado à metodologia de aprendizagem. As afirmações são do secretário estadual Rossieli Soares, que participou ontem da Live do Valor.

“A gente começou mais lento, com 250, 300 mil alunos nas primeiras semanas”,
disse Rossieli, para quem é natural que as famílias recobrem a confiança aos
poucos. Ele observou que a administração já vinha apostando no retorno, que
considera a estratégia mais acertada. “O Estado de São Paulo tomou uma decisão
importante. Nós não fechamos mais 100% as escolas”, ressaltou.

Segundo cálculos do Estado, 1,8 milhão de alunos voltaram às aulas presenciais
desde meados de abril, quando regras do Plano São Paulo foram revistas. Significa
média de 700 mil alunos nas escolas semanalmente. A frequência semanal
representa cerca de 20% das matrículas.

Ao defender a volta das aulas presenciais – independentemente de um maior
avanço da vacinação – Rossieli também criticou a propagação de fake news.
Segundo ele, a Educação desempenha trabalho contínuo a fim de mostrar o que
tem sido feito para ter segurança.

“As confusões começaram lá em março do ano passado, as pessoas talvez já
tenham esquecido. Mas a Organização Mundial de Saúde dizia que máscara, e estou
aqui com a minha na sala, que máscara não era obrigatória porque não havia
evidência de que isso funcionasse e que protegesse”, lembrou Rossieli, comparando
com a importância que o item tem hoje.

Ele rebateu ainda teorias que apontam crianças como potenciais vetores do coronavírus. “Ontem, inclusive, saiu mais um estudo da Fiocruz, desta vez, dizendo: criança não é o principal fator de transmissão. Obviamente que ela pode se contaminar, mas ela não contamina os adultos. Geralmente, são os adultos que contaminam as crianças.”

O Estado investiu R$ 1,5 bilhão em tecnologia e infraestrutura, verba destinada ao período 2020/2021, por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). Das mais de 5 mil escolas paulistas, 4.700 passaram por melhorias recentes, que vão desde reforma dos banheiros até pintura.

Para o secretário, a descentralização dos repasses estaduais foi estratégia fundamental para focar necessidades locais. Escola que recebia R$ 5 mil por ano para manutenção passou a contar com repasses de R$ 100 mil a R$ 400 mil, citou. “E com esse dinheiro lá, com apoio da comunidade, com pesquisa e, obviamente, com toda transparência, eles conseguem assim fazer as coisas muito mais rapidamente e olhando para aquilo que é mais necessário.”

O uso do álcool em gel é uma das medidas que deverão ser agregadas definitivamente à rotina das escolas para combater outras doenças, como gripe e infecções. Já a obrigação de professores retornarem às aulas presenciais após terem a segunda dose da vacina contra covid não está prevista agora. Para Rossieli, é uma discussão pendente que deve avançar com a flexibilização do isolamento.

“Mas o que tenho dito para nossa rede é que a gente precisa estar voltando. Aliás, independentemente das vacinas. As crianças e jovens estão precisando muito”, frisou, para logo depois informar que reunião para começar a avaliar o tema acontecerá amanhã.

Pela estratégia de imunização, está prevista a vacinação de professores com idade acima de 47 anos. Eles estão recebendo a segunda dose da imunização, e a previsão é que o ciclo seja concluído por volta do dia 20. O público, perto de 350 mil pessoas, foi selecionado porque a partir dessa faixa se concentram 66% das comorbidades.

Ainda não é possível precisar o quanto o ensino remoto impactou a aprendizagem, ressaltou Rossieli. “Serve, tem utilidade, mas não dá para dizer nem o quanto que é bom, nem o quanto não é. Mas uma coisa eu posso afirmar: nada substitui o presencial.” Ressalvou, contudo, que a tecnologia evitou evasão escolar maior e estará mais presente na rotina dos estudantes.

Estudo recente feito pela secretaria estadual e pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (CAEd/UFJF) mediu impactos da pandemia na aprendizagem. A conclusão é que alunos do quinto ano do fundamental têm hoje o mesmo nível de aprendizado em matemática e português esperado para duas séries antes – ou seja, ficaram estagnados desde o início da pandemia.

Segundo Rossieli, como não há parâmetros anteriores suficientes para a medição de eficiência do modelo de ensino remoto essa pesquisa servirá como base e terá novas edições. A sondagem atingiu 21 mil alunos, que voltarão a ser avaliados no fim do ano.

Fonte: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2021/05/12/volta-dos-alunos-nao-depende-de-vacina-diz-secretario-de-sp.ghtml?origem=G1&utm_source=g1.globo.com&utm_medium=referral&utm_campaign=materia

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